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terça-feira, 24 de março de 2009

Súplica

A sua risada é um escarro maléfico Maquiavel, e os botões de seu blazer são como pregos pretos no seu peito presos. Suspeito que não haja em você coração, você que não palestra sem ar limoso, cheio de líquen nos dentes. Você sequer dedica o menor pensamento aos corações despedaçados que deixa em seu rastro? Como você consegue implantar tamanha futilidade nas pessoas, deixá-las ocas e escavadas, desacreditadas com a vida? O gelo no teu bafo ladro, quando professas amor, é como o gelo da morte. Tem jeito de político ou pregador, prometendo cá e lá juramentos que se anulam, morto por dentro, e espalhando tua moléstia em desfarce como um verdadeiro advogado do diabo. Maquinavel, você com as boas intenções e a arma na mão suada, abaixa-te, curva-te e desgasta esse teu rancor por ti próprio. Pára com as falas de roteiro ou desliga a câmera, nenhum aqui é ator, além do teu. Ela que chora, chora. Aquela que fala, fala de dentro. Ali na janela, meiga, ela sente medo real. A chuva não veio em garrafões, as casa ali não são papel. Pára com tuas mãos de papel, beijos de papel, hálito de hollywood. Tira esses óculos escuros, Maquina.

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