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sexta-feira, 15 de maio de 2009

A mentira.

Meu amor, as velas queimaram a casa. Jorrou cera quente pelo corredor. Eu vi tudo na tv. Sucumbi ao gosto de plástico frio da tela. Minha língua gosta do frio e da eletricidade. Que assalto na via dutra com mão suada, "É a paz armada". A vitrola toca toca o som dos acordados e a cidade gira como o disco preto pelos meus olhos bêbados, vou cair nos carros. Ela tirou mesmo a porta do carro? E empurrava pra fora quem não gostasse? Só vi a faca em cima da mesa, como a minha consciência e meu futuro desperdiçado. Você poderia ter feito algo da sua vida, se candidatado. "Eu só queria ser feliz". Ninguém é feliz. Chute na sua cara. As moedas todas caíram ao chão metálico em um tormento de cilintismo. Porque ali o chão havia de ser feito de metal? Temo a minha imagem refletida por baixo, sinto que afogarei nela. Você, minha imagem ladra, sempre piscando pra mim, me acusando de deflagrá-la. Ele pôs fogo na bandeira americana e então sugeriu que eu tomasse jeito na vida. Penteasse esse ninho de cabelo duro, ajeitasse a blusa amassada. Cuspi do topo do prédio e tentei assistir meu fluido sucumbir a morte como queria eu mesmo fazer. Todos querem uma segunda chance, ela disse, e a todos eu daria menos você. Insuportável e imutável e incombinável e relativamente fácil pra qualquer outra pessoa. Os fusíveis estouraram em faíscas e luz perdida e meus olhos se apagaram como a lousa no final do dia. Vou deslizar ao fundo da banheira pra ouvir meu nome chamado do infinito. This is the End my friend. (cantava o conde drácula). "Die Die Die. I can't.". Oh tortura, ó torta de limão. Luta de classes. E também a minha classe, estendida em um barbante tão fino quanto sua paciência. O fiapo da vida é apenas a linha de partida. O navio afunda a tripulação se torna fantasma. Eu vi tudo na tv. Enquanto dormia. Mentira você nunca dorme. Você nunca dorme. Você nunca dorme. Você nunca dorme. Você nunca dorme. Você nunca dorme. Mentira, você nunca dorme.

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