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terça-feira, 31 de agosto de 2010

For Emma, Forever Ago

Teu cheiro é doce. Meu ponto na última noite é o despertar do olfato, primo distante da percepção. Aprendo teu cheiro como meu rosto na madeira dura da árvore, doce. E, às noites antes, espantos e ensaios de discursos intoxicados. Curtas íntimos esquizofrênicos de amor exalado. Amor alado inalado fresco como amanhecer ao beira-mar. Laranjas invadindo o anil como o parto de um semi-deus no horizonte. Nascido do fecundo oceano, o amor e o mistério puro. Não consigo me expressar bem APAGA APAGA APAGA APAGA.

Assopra. Vush. Os restos mortais de uma borracha despedaçada. Assim como nós todos, despedaçados.

Ela fecha e abre a porta. Assim como fecham os maquinários de trem, a portilha da fornalha, e abrem novamente para jogar a lenha. Quando ela abre a porta vejo a queimaria acalente, sinto torrar o rosto, me esquenta os dedos gelados na bota. A lenha estoura no fogo. Ela fecha e abre a porta, não entro. Chove na praia e o mar é uma chapa de grafite em ebulição. Pego chuva e meu tênis enche d'água, estou tentando esquecer alguém de quem não me lembro. Só há um número de telefone na minha agenda. Só há um rumo intrínseco às minhas pernas. Meu coração é difícil segurar molhado, pula e escapula e escorrega por entre meus dedos, bate na areia e rola ao mar e o mar o engole em ondas esfomeadas que o puxam às profundezas do mistério puro e Poseidon e a Pequena Sereia. Quero contá-la que meu cardíaco foi furtado ou por um Deus grego, ou por uma personagem humanóide da Disney. Ela ri mas lamenta minha tragédia. Pausa.
De todas as palavras formadas, nenhuma dessas tateei com as mãos. São como palavras impressas no jornal de um dia em que não li o jornal. Todas minhas palavras tem amor, mas nenhuma delas é amorosa. Queria ter palavras amoras, manga e mel. Queria lhe dar minhas palavras como um presente, como um dia em Paquetá ou um beijo de hortelã. Palavras molhadas de tinta, perambulando pelo teto do meu quarto a noite, brilhando fracamente em verde pálido como estrelas. Desvencilhada, essa é a palavra certa. Ela desvencilhada. Como meu coração - peixe abissal. O que há para amar em um pinóquio a procura de um peixe abissal? Ela não merece o vazio azulado. Merece o quente do amor do lobo, focinho gelado e pelugem quente e o coração lupino entre as costelas, instintual como todo ser-vivo, molhado de vida. Eu lhe daria Saturno, mas é um planeta congelado do outro lado da galáxia. Flores de papel mergulhadas em nanquim e envolvidas com letrinhas que compões os infindos poemas sobre seu nome, florescidas vermelhas, anil e laranja em Abril. O suco de laranjas frescas, acordes de violão, madrugadas viradas, cobertores, todas minhas películas. Quero conhecer os harmônicos de sua voz.

APAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGAAPAGA.


Hell, even nature awakens.

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