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domingo, 13 de setembro de 2009

Ostramirim

Ostra, você é uma ostra. Você é uma pérola, tem casulo. Você é um tigre, o olho do tigre. Ostra, eu sou o reflexo. Deixe-me ser o reflexo. Mudo e preto, na superfície do lago. E você a ostra no fundo. Você o fundo do lago. Eles tocaram Led Zeppelin, justo naquela hora, ali no bar. Led Zeppelin é alma do rock. Led Zeppelin é o amor dos jovens. Onde tudo se resume e se resolve. No estouro, na efusão. E eles ligaram o rádio bem quando te vi. Assim, chamando táxi, ou esperando na porta, ali, do outro lado da rua, do outro lado da sala. Eu sentado no bar, vendo tudo preto, e você brilhando. Pérola, oceano de luz. Branco no meu preto, dano. Meu coração aberto à música xiando do rádio. A guitarra encendiando, e seus olhos gigantes. Meu coração aberto pulsou e jorrou o sangue. Sentada ali na cadeira, eu quase caindo do banco. Cara que luz pulsante, que dano.

Eu sou a loucura, ostra, e você os olhos. Ou, se você quiser ser a loucura, serei a ostra e você o fogo. Fogo que faz abrir. Abrir a boca como se abre um livro. Abrir a pele como se fosse abrigo. Abre-me, abro-te, abra-te-sésamo. Abracadabra e enfim, magia. Ou loucura. Ou magia. Para abrir os olhos como quem abre a ostra, e dentro a pérola. Abre a pérola, e dentro a magia. E usa a magia para se jogar do edifício e não tocar no chão. Fazer soar Led Zeppelin no ar, sem rádio e sem agulha, com faíscas nos dedos. Lambemos os dedos e molhamos o mundo, para tocar nas plantas, para explorar as trilhas. Ostra, no fundo, onde flanastes flanarei. Pelo menos agora, no momento ápice, primeiríssimo pico. Aqui no flagra, na descoberta, as cortinas abertas e o espetáculo. A água fria, gelada, que rouba a respiração do peito. Ostra, caí do topo do parapeito.

John says it best. He says it so hard, man.

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