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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Epílogo do Livro de Uma Página sobre meu sonho.

Sonhei que ela voltava. Que estava aqui.
Luminosa e branca, subia ao céu perfurado. Saía do fundo do mar.
Na fila do metrô, na calçada, surgia ao meu lado.
Com aqueles olhos molhados. Ficava quieta, mas ali estava.
E sofríamos. Doía-nos e nos pesava o convívio.
Continuei pelo sonho. Por quartos de hotéis e praças, por mesas de jantar e balões de ar quente. Fiz afazeres e puxei conversa com os entes fictícios. E ela ali sempre, surgida recém-chegada.
E o sonho inteiro doeu.
Abri os olhos como se não tivesse dormido. Acordei melancólico e vazio, esburacado.
Em alguns instantes, na cama ao meu lado, minha mãe acordou e logo se pôs de pé, se pôs a vestir o trabalho. Se aprontou pra luta do dia, contra sol e cansaço. Logo já estava suada. Foi, guerreira.
E fiquei seco na cama.
Quando a lua retorna ao céu quero chorar.
E quando tento ser sol de novo, só faço queimar a pele. Secar e queimar a pele frágil de boas pessoas.
A escrita me condena, sirvo aqui a sentença. Completamente inibido. Tantas vezes negado.
Poderia morrer de solidão
Tristeza e remorso.
Fantasma me deixa em paz.

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